Wednesday, August 29, 2007

"O MEU NEVOEIRO"



Hoje o nevoeiro
Hoje o esquecimento. A paz do vazio.
Hoje o nada...

Como deve ser bom o nada!
Cansada de apoucadas coisas quero o radical:
Nada!

Hoje, entrego-me ao nada com volúpia de amante.

Amanhã?
Amanhã vou querer tudo
Como ontem. Como sempre.

Amanhã quero-te também a ti.
E porque não?

Se não vieres terei de te inventar.

Para que serviriam os poetas
Sem as mil conjugações do verbo amar?


(Madalena Pestana)

A "UM MOMENTO" DO BLOG MOMENTOS DEU-ME ESTE TREVO DA SORTE
MUITO OBRIGADA AMIGA...

Monday, August 27, 2007

EDUARDO PRADO COELHO



(Fotos do "Google)

HOMENAGEM DESDE S.MARTINHO DO PORTO


Querido Eduardo, fiquei bem triste com a noticia da tua morte. Mas lembrar-te-ei em cada manhã de nevoeiro...
Aquelas em que tu dizias já mais para o final de Agosto, que convidavam à leitura e à introspeção.
Foste realmente um sábio e São Martinho vai sentir bastante a tua falta!

Como forma de mais uma vez te relembrar vou transcrever um dos teus ultimos artigos escrito no Jornal "O Publico".


O Fio do Horizonte
25.08.2007 - 10h48 Eduardo Prado Coelho

Comício de Verão

No seu habitual comício de Verão do PSD/Madeira, lá tivemos Alberto João Jardim a vociferar com a habitual virulência e desfaçatez. Conseguisse ele imaginar o que a esmagadora maioria dos portugueses do continente pensa destas vistosas performances e talvez não exibisse tamanha arrogância. Mas não consegue, e, por isso, fica ali, naquele estardalhaço ensolarado, a vacilar entre o ridículo e o patético.

Para o ilustre presidente do PSD da Madeira, o alvo, desta vez, foram as chamadas “causas fracturantes”, que é o nome algo abusivo que foi atribuído aos temas que se ocupam de aspectos importantes da vida quotidiana das pessoas. Que um banco recuse um empréstimo a duas mulheres que vivem juntas, considerando que a situação de lésbicas não lhes permite qualquer solicitação nesse sentido, é algo que afecta o dia a dia de cada uma. E esses são problemas que não podem ser ignorados. Sobretudo com aquele inevitável argumento de que há assuntos muito mais importantes, como o desemprego ou as leis do trabalho (esta é a lengalenga habitual do PCP, que não tem particular simpatia por “temas fracturantes”, embora, às vezes, lá alinhe).

Que disse, então, Alberto João Jardim? Numa alusão à lei sobre a despenalização do aborto, declarou, segundo os hábitos enraizados do conservadorismo nesta matéria, que, “quando se fazem leis contra a vida humana, é um precedente que não podemos consentir para depois fazerem outros direitos ou se ofenderem outros direitos das pessoas em nome do Estado absoluto”. Não vamos discutir. Mas Jardim parece não ter entendido que a lei sobre a despenalização do aborto em determinadas circunstâncias é uma lei que aumenta a liberdade das pessoas, porque não obriga ninguém a fazer abortos, mas permite que quem quiser os faça e quem não quiser não faça. Falar em “Estado absoluto” é um contra-senso.

E falou sobre homossexuais. Para dizer que “querer o casamento de homossexuais e tudo isso que o Governo socialista prepara, essas não são causas, são deboche, são degradação, é pôr termo aos valores que nós, portugueses, a nossa alma nacional, temos desde o berço e que os nossos pais nos ensinaram”. Cá temos o modelo perfeito do pensamento reaccionário: vai-se buscar um princípio suposto intocável, neste caso a “alma nacional” ( Jardim ignora que “a alma é um vício”, como genialmente escreveu Agustina), para interditar qualquer debate racional e ponderado sobre estas matérias, e não se aceitar a pluralidade de posições.

Do berço não me recordo bem, mas lembro-me que os meus pais, felizmente, nunca me ensinaram estas coisas, bem pelo contrário, embora sempre permitindo que eu viesse a pensar o que achasse mais certo. E nada me leva a suspeitar que não fossem portugueses, que não fizessem parte deste demagógico “nós, portugueses” a que Jardim recorre. Os pais da minha mãe moravam na Rua do Noronha, por detrás da Imprensa Nacional, e os do meu pai na Correia Telles a Campo de Ourique. Terão sido menos portugueses por não pensarem o que pensa Alberto João Jardim? Como dizia Pacheco Pereira, se Jardim berrasse menos e pensasse mais…


SURPRESA!



Pois hoje o "Aramis Cavalgada",
recebeu esta distinção dada pela Maria Faia do "Querubim Peregrino".
Por isso hoje por aqui, reina a Alegria e a Felicidade...

Wednesday, August 22, 2007

DEDICADO AO MEU AMIGO MALU


ESTE É O MEU AMIGO MALU

(Foto tirada ontem em S. Martinho)



Retrato de uma princesa desconhecida

Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino

Sophia de Mello Breyner Andresen




Saturday, August 18, 2007

IGUALDADE



TODOS DIFERENTES








TODOS DIFERENTES












MAS...TODOS IGUAIS !!!

(Imagens retiradas do site da Benetton)

Thursday, August 16, 2007

FAZ HOJE 30 ANOS QUE MORREU ELVIS PRESLEY




Only you, can make this world seem right
Only you, can make the darkness bright
Only you, and you alone, can thrill me like you do
And fill my heart with love for only you
 
Only you, can make this change in me
For it's true, you are my destiny
When you hold my hand, I understand
the magic that you do
You're my dream come true
my one and only you
 
Only you, can make this change in me
For it's true, you are my destiny
When you hold my hand, I understand
the magic that you do
You're my dream come true
my one and only you
 
One and only you...




“Recordo-me de que era jornalista da imprensa diária, há 30 anos, na altura em que me chegou a notícia da morte de Elvis Presley.

Recordo-me também de ter escrito um texto longo e comovido sobre o seu desaparecimento, que nada fazia prever, embora as pessoas que o acompanhavam, mesmo à distância, soubessem que era um consumidor inveterado de fármacos, o que podia vir a ter consequências trágicas e foi o que aconteceu.

Pertenço a uma geração que foi muito marcada pela música do Elvis embora, objectivamente, mais marcada pela dos Beatles e Rolling Stones ou Creedence Clearwater Revival. De qualquer maneira, a música do Elvis acompanhou-me sempre ao longo do meu percurso como homem, músico e escritor. E sinto que há em mim a marca de baladas como ‘Love me Tender’ ou de temas de referência para o rock como ‘Blue Suede Shoes’.

Aquilo que sempre me impressionou no Elvis Presley foi o facto de, não sendo compositor nem autor, ter criado um estilo único e absolutamente inimitável. E também de ter sido, e ainda hoje o reconhecemos como tal, uma das grandes vozes e vidas trágicas do mundo artístico do século XX a par do Carlos Gardel, Edith Piaf, Jim Morrison, Janis Joplin, Jimmy Hendrix ou da Billie Holiday.

Mas, no seu caso, pode dizer-se que ele já era um mito e uma lenda em vida.

A partir da tradição negra na qual se inspira durante a infância e adolescência, em Memphis, ele é uma ponte entre a música negra e a música branca. A sua música afirma-se na altura da massificação da música popular, nomeadamente, através do aparecimento do gira-discos portátil, portanto, na transição dos anos 50 para os anos 60.

O Elvis não foi um cantor muito ouvido em Portugal na década de 70. Quando morreu, em 1977, o país estava ainda na ressaca da Revolução e, por isso, ouvia-se mais outras canções e outros cantores, nomeadamente, os politicamente mais comprometidos. Eu, no entanto, nunca deixei de o ouvir, por isso, ao lembrar-me da efeméride decidi escrever o livro.

Independentemente do estilo, que muitos consideram ‘kitsch’ mas que tem a ver com uma cultura popular profunda tipicamente americana, ele é uma das grandes figuras artísticas de dimensão trágica do século XX.

Elvis é um homem infeliz e penso que a sua morte é fruto dessa infelicidade. Ele cresce sem a presença do pai, que tem problemas com a justiça e passa anos preso até se tornar seu manager, o que durou até à sua morte, mas a figura referencial é a mãe: a Gladys Love, que morre quando ele está no apogeu da fama e do reconhecimento.

Elvis não encontra estabilidade nem felicidade nas relações amorosas, tem uma corte que o segue para todo o lado, mas é um homem profundamente solitário e infeliz.

A dependência dos fármacos é de uma contradição enorme porque ele participava na campanha nacional contra o consumo de drogas ao lado do Nixon ao mesmo tempo que tomava quase uma centena de comprimidos por dia.

Ele é uma das grandes vozes do século XX e, não sendo autor nem compositor, foi um dos artistas que mais influenciou artistas e não artistas: do gingado ao penteado e à roupa, tudo era, essencialmente, espectacular.

Sendo profundamente americano, ele é de uma grande universalidade. Poucos artistas são tão cantados, tão ouvidos e tão imitados. Desde as Filipinas até ao Japão. Acho que essa foi a maneira que Elvis Presley encontrou de nos dizer que mesmo tendo-se ido embora, afinal, não foi! “

José Jorge Letria, escritor e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Autores





Sunday, August 12, 2007

O SOL É O MESMO, MAS A TUA DISTANCIA QUASE QUE ME ENDOIDEÇE... SERÁ QUE ALGUM DIA VAIS ENTENDER QUE É PARA TI QUE ESTOU A FALAR?



LUIS REPRESAS

(Tirada no Pavilhão Atlantico)




De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada

De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
(Não) vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado

De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
(Não) vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido

De que fontes de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que norte de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida.




















Friday, August 10, 2007

SAUDADE


(Tirada no Coliseu dos Recreios em Lisboa)


Quem é Você

 
“Quem será que me chega na toca da noite. 
Vem nos braços de um sonho que eu não desvendei. 
Eu não conheço o teu beijo, nem toquei teu rosto. 
Quem será que eu amo eu ainda não falei...
Que sorriso aberto
Um olhar tão profundo 
Que disfarce será que usa pro resto do mundo 
Onde será que você mora, em que língua me chama 
Em que cena da vida haverá de comigo cruzar 
Que saudade é essa do amor que eu não tive 
Porque é que te sinto se nunca te toquei
Será que são lembranças de num tempo esquecido
Ou serão previsões de te ver por aqui 
Então vem 
Me desvenda esse amor que me faz renascer
Faz do sonho algo lindo 
Que me faça viver
E se fiz com os céus algum trato 
Esclarece esse fato que me faz compreender
Desse beijo esse abraço na imaginação 
E descobre o que guardo pra ti em meu coração 
Mas deixe eu sonhar, deixa eu te ver 
Vem e me diz quem é você 
Mas deixa eu sonhar, deixa te ver 
Vem e me diz quem é você”


Simone Bettencourt de Oliveira


1993-1994

Simone reformula e divulga por todo país o show “Sou Eu”. No repertório, canções que marcaram seus 20 anos de carreira. O espetáculo dá origem ao novo disco “Sou Eu”, baseado no repertório do show, sucesso de crítica e de público.

Participa, ao lado do pianista Wagner Tiso, do “Songbook Vinicius de Moraes”, idealizado por Almir Chediak. Gravam “Se todos fossem iguais a você”

Lança seu segundo trabalho em Espanhol, “La distancia”.

A Rede Globo transmite pela faixa “Terça nobre”, o especial “Simone – 20 anos de carreira”, gravado em Curitiba.

Em 1994 Simone divulga o show “Sou eu” pela Espanha, Argentina e Portugal, com músicas gravadas nos discos “Sou eu” e “La distancia”. Participa ainda do “Songbook Carlos Lyra”, idealizado por Almir Chediak, cantando na faixa “Minha Namorada” (Carlos Lyra e Vínicius de Moraes).











Saturday, August 04, 2007

É MESMO PARA TI...


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


(Florbela Espanca)

Thursday, August 02, 2007

UM FASCISTA GROTESCO


DEDICO ESTE ARTIGO À "MARIA FAIA"!....




"Alberto João Jardim não é inimputável, não é um jumento que zurra desabrido, não é um matóide inculpável, um oligofrénico, uma asneira em forma de humanóide, um erro hilariante da natureza.

Alberto João Jardim é um infame sem remissão, e o poder absoluto de que dispõe faz com que proceda como um canalha, a merecer adequado correctivo.

Em tempos, já assim alguém o fez. Recordemos. Nos finais da década de 70, invectivando contra o Conselho da Revolução, Jardim proclamou: «Os militares já não são o que eram. Os militares efeminaram-se». O comandante do Regimento de Infantaria da Madeira, coronel Lacerda, envergou a farda número um, e pediu audiência ao presidente da Região Autónoma da Madeira. Logo-assim, Lacerda aproximou-se dele e pespegou-lhe um par de estalos na cara. Lamuriou-se, o homenzinho, ao Conselho da Revolução. Vasco Lourenço mandou arrecadar a queixa com um seco: «Arquive-se na casa de banho».

A objurgatória contra chineses e indianos corresponde aos parâmetros ideológicos dos fascistas. E um fascista acondiciona o estofo de um canalha. Não há que sair das definições. Perante os factos, as tímidas rebatidas ao que ele disse pertencem aos domínios das amenidades. Jardim tem insultado Presidentes da República, primeiros-ministros, representantes da República na ilha, ministros e outros altos dignitários da nação. Ninguém lhe aplica o Código Penal e os processos decorrentes de, amiúde, ele tripudiar sobre a Constituição. Os barões do PSD babam-se, os do PS balbuciam frivolidades, os do CDS estremecem, o PCP não utiliza os meios legais, disponentes em assuntos deste jaez e estilo. Desculpam-no com a frioleira de que não está sóbrio. Nunca está sóbrio?

O espantoso de isto tudo é que muitos daqueles pelo Jardim periodicamente insultados, injuriados e caluniados apertam-lhe a mão, por exemplo, nas reuniões do Conselho de Estado. Temem-no, esta é a verdade. De contrário, o que ele tem dito, feito e cometido não ficaria sem a punição que a natureza sórdida dos factos exige. Velada ou declaradamente, costuma ameaçar com a secessão da ilha. Vicente Jorge Silva já o escreveu: que se faça um referendo, ver-se-á quem perde.

A vergonha que nos atinge não o envolve porque o homenzinho é o que é: um despudorado, um sem-vergonha da pior espécie. A cobardia do silêncio cúmplice atingiu níveis inimagináveis. Não pertenço a esse grupo."

Artigo de Baptista Bastos