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Hemodiálise: Tratamento penoso
600 quilómetros para sobreviver à doença
Seiscentos num dia. Mil e oitocentos numa semana e 7200 num mês. Estes são os quilómetros que quatro doentes renais da região de Portalegre são obrigados a percorrer para fazer os tratamentos de hemodiálise numa clínica no Montijo por não terem vaga no centro da área de residência. Uma situação que os doentes, todos eles idosos, consideram cansativa e desesperante devido às longas horas de viagem.
“É como dizer que não morremos do mal, mas morremos da cura. Se pudesse parava hoje, mas sei que se o fizer morro”, disse revoltada a doente renal Luzia Fonseca quando se encontrava em sua casa, em Vaiamonte, no concelho de Monforte, a aguardar a carrinha de transporte de doentes, que três vezes por semana significa para todos um “martírio”.
O veículo, que já trazia João Grilo, 68 anos, residente em Portalegre, ainda tinha de percorrer quase três centenas de quilómetros até ao Montijo. Pelo meio, a viagem seguiu ainda em direcção a Arronches para ir buscar a doente Maria Fragoso, 80 anos, e Degolados (Campo Maior), povoação onde reside Miraldina Rosa, de 77 anos. Só depois entrou na Auto-estrada 6, em Elvas. “As viagens raramente têm paragens. Chegamos à clínica e começamos a fazer os tratamentos que duram sempre quatro horas. A meio dão duas sandes com uma água, um sumo ou chá”, referiu Luzia, de 72 anos, que sofre dos rins há oito. “Estive internada até 14 de Julho e comecei a fazer hemodiálise desde essa altura. Como entrei para a lista de espera, tive de ir para o Montijo, que é a única solução.”
“Três vezes por semana é de mais. Chego a casa todo partido e sem forças para nada”, disse João Grilo, para quem a viagem é mais comprida, visto que é o primeiro a entrar e o último a sair da viatura.
Três horas e meia depois do início do trajecto de 292 quilómetros, os doentes chegam à SNS – Sociedade Nefrológica do Sul visivelmente cansados. O dia ainda ia a meio.
A viagem de regresso foi feita em silêncio.
NOVA UNIDADE DE DIÁLISE BLOQUEADA
Há cerca de quatro anos a Câmara de Portalegre disponibilizou um terreno para ser utilizado em futuras instalações relacionadas com a Saúde, entre as quais um novo centro de hemodiálise. De acordo com Mata Cáceres, presidente da autarquia, o concurso que previa a construção dessa nova unidade na capital de distrito foi contestado por uma empresa, o que estagnou o processo. “Aguardamos para breve o desbloqueamento que levou a que o concurso fosse suspenso, para que esta situação, de carácter urgente, possa ser resolvida”. Contactada a administração da Unidade de Saúde do Norte Alentejano (USNA), os objectivos são comuns aos da autarquia. “A questão da hemodiálise é prioritária para nós, esperando que até final do ano o concurso possa avançar”, disse oficial da USNA. A unidade de hemodiálise de Portalegre está neste momento lotada, não tendo capacidade de resposta e funcionando por lista de espera. Os quatro utentes que viajam três dias por semana para o Montijo encontram-se nessa lista para tratamento.
(Portugal Diário)
4 Comments:
Pois querida Aramis, não há mesmo comentários a fazer.
Inqualificável!
Claro que é pena nãp podermos "estagnar" os doentes, senão morrem.
Este post é para ler e sentirmos vergonha. De quê? De sermos este país analfabeto e onde a incompetência se confunde com a falta de humanidade e até com o mau carácter de "alguns".
E, indignada, fico por aqui.
Beijinhos
Querida Amaris...Dizer o quê?
Que o nosso pai´s só olha aos interesses de quem quer e lhe apetece...
Beijo minha Linda
(*)
Fiquei siderada com o que li!! Só um país como o nosso!
E dizem/apregoam que Portugal é o 3º país da UE na era da informatização!!
Se assim cuida da vida dos seus cidadãos!?!!
Lamento que este país onde vivemos seja um país de 3º mundo no campo da saúde!!
Pobres somos :-((
Querida amiga,
É triste, lamentável mesmo a situação que descreve.
Quem conhece o sofrimento destes doentes, como eu infelizmente conheci através da minha querida Mãe, fica absolutamente chocado com a situação descreita.
Ainda temos muito caminho para andar...
Um abraço amigo,
Maria Faia
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