RADICALISMO? NÃO!...
"Somos todos judeus"
Nunca é de mais reafirmar o repúdio e a condenação por todos os gestos que violam o respeito pela dignidade humana
Domingo, fim de tarde. Depois de uma cerimónia simples, mas cheia de significado, o presidente da comunidade islâmica, Abdool Vakil, cumprimentava solidariamente o líder da comunidade judaica de Lisboa, José Oulman Carp. Antes, tinha sido o representante do Patriarcado de Lisboa, P. Peter Stilwell, a repudiar firmemente as manifestações de ódio anti-semita. Eram gestos fraternos, que se multiplicavam no cemitério judaico de Lisboa, onde, uma semana antes, várias campas tinham sido vandalizadas com suásticas nazis.
“Somos todos Judeus”, disse-se. As palavras e as orações judaicas congregaram à sua volta, não só representantes do Estado, mas também das principais comunidades religiosas portuguesas. Ninguém ficou indiferente perante gestos ignóbeis inspirados por ideologias sinistras.
Nunca é de mais reafirmar o repúdio e a condenação por todos os gestos que violam o respeito pela dignidade humana. A longa história secular do anti-semitismo, que fez milhões de vítimas no último milénio, está cheia de gestos hostis como estes. Mesmo que isolados, ainda que sem vítimas, não é possível deixá-los passar em claro. Sem não perder a noção das proporções relativas – actualmente, em Portugal, o anti-semitismo não tem expressão quantitativa significativa – torna-se essencial condenar em absoluto um só gesto anti-semita que se verifique. Tal como um qualquer gesto racista.
Mas não chega ficar por aí. É fundamental, nestas ocasiões, demonstrar solidariedade para com as vítimas. Vem à memória o notável gesto do rei da Dinamarca, aquando da ocupação nazi e da tentativa de identificação de judeus para deportação, que passou a usar a estrela de David, como se fosse judeu. Foi seguido por centenas de milhares dos seus súbditos e os nazis falharam redondamente o seu objectivo. Por isso, a cerimónia do passado domingo foi tão importante. Ao ter visto nessa ocasião, cristãos, muçulmanos, hindus ou ateus, juntos, ao lado dos judeus, tornou-se presente essa solidariedade.
Depois de tudo isto, falta ainda um compromisso para o futuro. Cada um de nós, como cidadão, tem a responsabilidade de, dia-a-dia, dar um contributo para a construção de uma sociedade tolerante, onde ninguém possa ser perseguido pela sua religião ou etnia. Depende de nós, sobretudo através da educação das novas gerações, que se cultive o respeito pela diversidade religiosa e cultural para que não se repitam os erros do passado. Para isso, importa revisitar a História e conhecer as tragédias que o racismo e o anti-semitismo, ou por outro lado, o nazismo, o comunismo ou o maoísmo, provocaram. De igual forma, com idêntica relevância, é fundamental a aprendizagem sobre outras culturas e outras religiões, ganhando-se afecto pela riqueza que nos proporcionam. Assim se anulará o ambiente, marcado pela ignorância, pelos estereótipos e pelos preconceitos, em que todos os radicalismos progridem.
7 Comments:
A tolerância acima de tudo......
Amiga
Não seria capaz de escolher melhor palavra para aqui deixar que aquela que o vladimir te deixou... tolerância... acrescentar-lhe-ia... respeito...
Um beijinho
José Gonçalves
Um bom tema a merecer a nossa reflexão. Ninguém é melhor que ninguém, e todos devemos respeitar o nosso semelhante, seja de que raça ou credo fôr.
Um abraço
Respeito...
Tolerãncia...
Tanta falta faz...
Belo post minha linda
Beijo em ti
(*)
Para lá de concordar essencialmente com todo o escrito, realço as palavras finais de apelo ao conhecimento dos outros povos e credos religiosos. Só conhecendo o pensamento dos outros os poderemos compreender melhor, ao mesmo tempo que o "antiísmo" primário tantas e tantas vezes fomentado por grupos ou seitas extremistas será deste modo mais facilmente rejeitado.
Um abraço.
"Nunca é de mais reafirmar o repúdio e a condenação por todos os gestos que violam o respeito pela dignidade humana."
Querida Amiga, abracemos todos a causa da Liberdade e a defesa de princípios humanistas e solidários, para que a tolerância, a compreensão e a aceitação e saudável convívio com as diferenças constituam realidades indissociáveis da vivência humana.
Um beijo solidário e fraterno,
Maria Faia
Alguém faria hoje o mesmo que fez o rei da Dinamarca?
Ousar desafiar a intolerância!
Mesmo que queira, não sou optimista a esse ponto.
E que pena!
Bom fim de semana.
Um abraço
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