Saturday, July 14, 2007

SÃO MARTINHO



Hoje comemora-se em S. Martinho o dia da reelevação a Vila.

Como se sabe muito pouco da vida do nosso padroeiro, aqui deixo pelo menos, as passagens mais importentes da sua vida.




DE CAVALEIRO ROMANO A APÓSTOLO DA GÁLIA


Não podemos dizer que a vida de São Martinho «se perde na noite dos tempos», porque este santo, nascido em território do império romano - Sabaria na antiga Panónia, hoje Hungria, entre 315 e 317, foi o primeiro santo do Ocidente a ter a sua biografia escrita por um contemporâneo seu - o escritor Sulpício Severo.
Martinho era filho de um soldado do exército romano e, como mandava a tradição, filho de militar segue a vida militar, como filho de mercador é mercador e filho de pescador devia ser pescador. Martinho estudou em Pavia, para onde a família foi viver, e entrou para o exército com 15 anos, tendo chegado a cavaleiro da guarda imperial. Tinha a religião dos seus antepassados, deuses que faziam parte da mitologia dos romanos, deuses venerados no Império Romano, que, como é óbvio, variavam um pouco de região para região, dada a imensidão do Império. As Gálias teriam os seus deuses próprios, como os tinham a Germânia ou a Hispânia.
O jovem Martinho não estava insensível á religião pregada, três séculos antes, por um homem bom de Nazaré. Um dia aconteceu um facto que o marcou para toda a vida. Numa noite fria e chuvosa de Inverno, às portas de Amiens (França), Martinho, ia a cavalo, provavelmente, no ano de 338, quando viu um pobre com ar miserável e quase nu, que lhe pediu esmola e Martinho, que não levava consigo qualquer moeda, num gesto de solidariedade, cortou ao meio a sua capa (clâmide) que entregou ao mendigo para se agasalhar. Os seus companheiros de armas riram-se dele, porque ficara com a capa rasgada. Segundo a lenda, de imediato, a chuva parou e os raios de sol irromperam por entre as nuvens. Sinal do céu. Seria milagre?

MARTINHO E CONSTANTINO I


Conta a lenda, que no dia seguinte Martinho teve uma visão e ouviu uma voz que lhe disse: «Cada vez que fizeres o bem ao mais pequeno (no sentido social de mais desprotegido) dos teus irmãos é a mim que o fazes». A partir desse dia Martinho passa a olhar para os cristãos de outro modo. Recordamos que o Cristianismo teve dificuldade em se impor como religião, e que um passo importante dado, nesse sentido, foi por Constantino I, que, em 313, permite que o Catolicismo seja livremente praticado no Império. Com o tempo foi aceite como religião do Estado.
Constantino - o Grande - acreditou que o deus dos cristãos, que ele, de início associava ao Sol, o protegia e que lhe proporcionara a grande vitória contra Maxêncio, em 312. Acabará senhor absoluto do Império, tanto a Oriente, como a Ocidente, depois da vitória sobre Licínio, em 324. Consta que Constantino I terá visto no céu, antes da batalha com Maxêncio, a frase: «In Hoc Signo Vinces (Por este símbolo(cruz de Cristo) vencerás)» e daí o início da sua conversão. A testemunhar essa conversão existe o Arco de Constantino, em Roma, erigido para celebrar a vitória, onde consta a frase «por inspiração da Divindade e pela sua (de Constantino) grandeza de espírito». A testemunhar a sua conversão há o facto de o prefeiro pretoriano da Hispânia, Acílio Severo, conhecido por Lactâncio ter sido o primeiro prefeito cristão de Roma, em 326.
Constantino I fundou a cidade de Constantinopla, onde fez a nova capital do Império, na antiga Bizâncio, e mandou edificar inúmeras igrejas, para o culto cristão, por todo o Império. A cidade foi sagrada no ano 330. As mais importantes igrejas foram a basílica de Latrão, a igreja de São Pedro, em Roma, a igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, bem como basílicas em Numídia e em Trèves. Deu-se origem às fundações da Igreja da Santa Sabedoria (Hagia Sophia), em Constantinopla, que, viria, em 1453 a ser tomada pelos árabes e Constantinopla passou a chamar-se Istambul. Constantino I é baptizado no leito de morte, no ano de 337 e sepultado na basílica dos Apóstolos naquela cidade. Deixa o império dividido pelos seus três filhos Constantino II, Constâncio e Constante, que vão lutar entre si ficando senhor do Império Constâncio II.

A LENDA DE MARTINHO


Depois do encontro de Martinho com o pobre que seria o próprio Jesus, sente-se um homem novo e é baptizado, na Páscoa de 337 ou 339. Martinho entende que não pode perseguir os seus irmãos na fé. Percebe, que os outros são, na realidade, mais seus irmãos que inimigos. Só tem uma solução - o exílio, porque, oficialmente, só podia sair do exército com 40 anos. Hoje o sentido de irmão está, no Ocidente, perfeitamente interiorizado, mas, na época era algo de totalmente revolucionário. Era uma sociedade estratificada, e os grandes senhores, onde se incluía a classe militar, não se misturavam com a plebe, e muito menos um escravo era considerada pessoa humana. Daí Cristo ter sido crucificado. O amor entre todos, como irmãos que pregava era verdadeiramente contra os usos do tempo. Todos o que o seguiram e praticaram a solidariedade eram vistos como marginais e mais ou menos perseguidos.
Martinho, ainda militar, mas com uma dispensa vai ter com Hilário (mais tarde Santo Hilário) a Poitiers. Funda primeiro o mosteiro de Ligugé e depois o mosteiro de Marmoutier, perto de Tour, com um seminário. Entretanto a sua fama espalha-se. Muitos homens vão seguir Martinho e optar pela a vida monástica. Com o tempo, as suas pregações, o seu exemplo de despojamento e simplicidade, fazem dele um homem considerado santo. É aclamado bispo de Tours, provavelmente em Julho de 371. Preocupado com a família, lá longe, e com todo o entusiasmo de um convertido vai à Hungria visitar a família e converte a mãe.
A vida de São Martinho foi dedicada à pregação. Como era prática no tempo, mandou destruir templos de deuses considerados pagãos, introduziu festas religiosas cristãs e defende a independência da Igreja do poder político, o que era muito avançado para a época. Nem sempre a sua acção foi bem aceite, daí ter sido repudiado, e, por vezes, maltratado.


(Texto retirado do site "Leme")

6 Comments:

Blogger Maria Faia said...

Cara amiga,

Apesar de tardiamente, aqui estou a deliciar-me com a lenda de S. Martinho. Lenda, claro. Mas, apesar disso, sempre há que retirar dela os ensinamentos que nos podem guiar os passos na estrada da vida. Por isso, o gesto de S. Martinho de cortar a capa ao meio para que o mendigo se cobrisse me parece significativamente bonito.
Na verdade, sempre que algo de verdadeiramente solidário nós fazemos, é como uma lufada de ar fresco entrando em nosso ser porque, aí sim, somos verdadeiramente úteis aos outros e à comunidade.
Mas, passando à triste e dura realidade, muitos mais são os egocênctricos relativamente aos solidários.
Quem sabe, com jeitinho, vamos mudar o mundo?....

Beijinho para si e bom fim de semana

8:48 AM  
Blogger António Inglês said...

aramis

Minha amiga, esta lenda mostra-nos como o acto de repartir com os outros é extraordinário e belo.
Ao longo da vida muita coisa repartimos e muitas vezes sem nos darmos conta disso.
Infelizmente nem todos o praticam.
A soberba, a inveja, a ganância, a luxúria torna os homens cegos e por isso o mundo se vai deixando envolver em guerras e conflitos.
Seria bom que tentássemos seguir o exemplo deste soldado romano e por certo iríamos transformando a face da terra num mundo melhor e mais fraterno.
Afinal, minha amiga, também venho ao teu cantinho aprender muita coisa que não conhecia em profundidade. É a lei da vida, aprende-se todos os dias e com
toda a gente.
Um beijinho
José Gonçalves

4:51 PM  
Blogger aramis said...

Amiga Mariafaia,

Em primeiro lugar, obrigada pela visita! Já a sentia um bocadinho ausente... mas saber esperar é uma virtude!

Eu ainda sou daquelas pessoas que acredita que mesmo devagar, vamos mudando o mundo para melhor. Basta estar atentos e começar por nós próprios : cada palavra, cada gesto, um sorriso, a forma como estamos atentos aos outros e às suas necessidades, enfim, viver de olhos bem abertos para uma sã solidariedade.
Beijinhos e bom domingo.

8:37 AM  
Blogger aramis said...

Querido Amigo José Gonçalves,

Concordo inteiramente com as tuas palavras sobre a forma de "estar" na vida!
A reciprocidade, é como que um lema de vida.
É impossivel viver bem connosco próprios sem dar e reçeber...
Muitos beijinhos

8:42 AM  
Blogger António Inglês said...

http://www.porentremontesevales.blogspot.com/

com nova postagem.
Beijocas

7:27 AM  
Blogger António Inglês said...

aramis

Querida amiga

Passa pelo meu beco.
Beijinhos
José Gonçalves

9:07 AM  

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